terça-feira, 3 de março de 2009

Escrevo por mero desgaste
Desgaste de tentar compreender-me
Compreender o mundo...
Procuro nos últimos raios de sol
Desta tarde
A verdade que Deus pôs nas coisas
Uma verdade tão pura e tão perfeita
Que ninguém ousa questioná-la
Apenas porque ao nascermos
Conhecemos o mundo assim...
Tento vê-lo através
Do olhar de ma criança
Um olhar tão claro
A que o sol rouba ainda mais cor
Tento perceber
Porque nos isolamos
Da natureza das coisas
Porque continuamos a rejeitar
O que não se parece connosco
Apenas porque nos afirmamos superiores
Esta tarde que se extingue
Fala-me de fadas
Aquelas que todas as crianças vêm
Nas quais eu acredito
Sem qualquer imposição
E pergunto-lhes
Por que não posso
Voar como elas
Por que não posso mudar o mundo
Como elas podem
Por que todos me vêm
E sabem onde estou...
Estou sempre aqui
Neste banco de jardim
Olhando para o horizonte
Que descansa esquecido
Pela Humanidade que caminha cega
E aí sim
Encontro a verdade das coisas
A nossa verdade
A verdade presente
Nas lágrimas de um poeta
Que se anula a si próprio
Procurando apenas uma explicação
Para o que o faz sofrer
E que tenta mostrar a mundo
A revolução silenciosa
De todos aqueles que querem
Encontrar a paz.
De nada me vale
Viver nesta imensa agonia
Enquanto espero por ti
E são vãs
Todas estas lágrimas que derramo
Sem que possas sequer suspeitar
Correm em cordões grossos
Percorrem todo o meu rosto
Morrem nos meus lábios
Como um rio que desagua no mar
É noite nessa praia
E esse mar que os meus olhos formam
Está revolto
Que ninguém
Se atreva a navegá-lo
Pois perder-se-á
Por entre ondas gigantes
Correntes traiçoeiras...
Perder-se-á para sempre
Tal como me perdi
E o mar nem estava revolto
Era calmo
Era ameno
Somos meros criadores de sonhos...De olhos fechados, de olhos abertos... Enquanto vivemos, ou para além do espaço que todos conhecemos...
Somos gaivotas que voam muitas vezes sem rumo, tantas vezes mais sem contra o vento que nos empurra contra os rochedos.Queremos ser muito mais do que aquilo que somos. Somos tantas vezes mais, mais do que aquilo que um dia pensámos ser, do que sempre evitámos ser.
Mas somos aquilo em que a vida nos transforma. Muitas vezes ela passa por nós sem que a possamos transformar.
Queremos moldá-la e ajustá-la aos sonhos que criamos, mas ela é laje, é metal duro que nem o fogo mais puro poderá derreter.
Somos aquilo que somos e eu sou a soma de tudo isso.
Em mim somo os momentos felizes que me engrandeceram ou os tristes que me derrotaram...Somo as metas que atingi, somo aquelas que falhei... Sou a soma de tudo o que vivi ...e por ser o que sou, sou feliz...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Chamo-me Naijma e o meu rosto mostra paisagens de viagens que nunca fiz…Nunca transgredi as barreiras desta ilustre praia lusitana nem para ir a Badajoz, mas quem olha para mim imagina que vim de longe…

Escrevo estas linhas mergulhada numa imensa névoa de fumo causada pelo cigarro que fumo de olhos meio fechados…Já é tarde mas não tenho sono e a minha cabeça viaja mais rápido que um foguetão…

Ontem um homem esteve comigo, hoje dele nada sei…Pouco me importa, a vida é feita de perdas e conquistas consecutivas, ainda procuro tanta coisa…

Oiço o som quente do kizomba, sinto-me a flutuar, acendo mais um cigarro, será que ando a fumar de mais? Os homens só não vêm aquilo que não querem ver e em relação a este assunto prefiro ser mesmo cega.

Tenho 20 anos e segundo dizem sou bela, eu não acredito na beleza que o tempo leva, quero ser como uma árvore que cresce e ganha raízes cada vez mais fundas e consistentes, essa sim é a verdadeira beleza e o meu grande desafio.

A historia da minha vida nem vale a pena contar, não é para isto que estou aqui, nem para dizer que me sinto sozinha e amargurada apesar de nunca nenhuma amargura me poder tornar amarga.

Procuro o verdadeiro amor imersa numa imensa incerteza, por vezes penso que ainda não o encontrei, outras que já o tive mas que o perdi para sempre.

A expressão do meu olhar é triste e vago, sinto-me perdida mas acredito que nem sempre será assim, há em mim uma esperança que não me deixa desistir, mesmo que as vezes se torne tão ténue que chegue a duvidar dela…

Faço uma pausa e olho ao meu redor… porque será que o meu quarto nunca teve posters? Sempre admirei Martin Luther King e nas minhas costas tenho tatuado um cavalo alado, o símbolo da minha liberdade. Não me considero especial por isso, apenas preciso que me conheçam um pouco melhor, a minha vida será verdadeira e literalmente um livro aberto.

Entramos há pouco no ano de 2007 e a minha vida continua imersa numa imensa névoa de magoa e solidão…As desilusões sucedem-se e magoa-me mais que cordas de aço da minha guitarra que me cortam os dedos suados.

As perspectivas são poucas, apenas um objectivo, encontrar a felicidade suprema só não sei como nem onde… Se alguém souber o segredo por favor diga-mo, as vezes a ignorância magoa…

Estou novamente sentada em frente ao computador, é uma noite de domingo como outra qualquer…desta vez não oiço kizomba, apenas uma musica que me toca de uma maneira menos forte mas talvez até mais corrosiva…Quem me dera poder falar sem chorar dos momentos a que esta musica me remete…

Ás vezes penso que sou demasiado agarrada às minhas recordações, talvez seja isso mesmo que me impede de ser feliz mas já há muito se dizia, “recordar é viver”