terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Chamo-me Naijma e o meu rosto mostra paisagens de viagens que nunca fiz…Nunca transgredi as barreiras desta ilustre praia lusitana nem para ir a Badajoz, mas quem olha para mim imagina que vim de longe…

Escrevo estas linhas mergulhada numa imensa névoa de fumo causada pelo cigarro que fumo de olhos meio fechados…Já é tarde mas não tenho sono e a minha cabeça viaja mais rápido que um foguetão…

Ontem um homem esteve comigo, hoje dele nada sei…Pouco me importa, a vida é feita de perdas e conquistas consecutivas, ainda procuro tanta coisa…

Oiço o som quente do kizomba, sinto-me a flutuar, acendo mais um cigarro, será que ando a fumar de mais? Os homens só não vêm aquilo que não querem ver e em relação a este assunto prefiro ser mesmo cega.

Tenho 20 anos e segundo dizem sou bela, eu não acredito na beleza que o tempo leva, quero ser como uma árvore que cresce e ganha raízes cada vez mais fundas e consistentes, essa sim é a verdadeira beleza e o meu grande desafio.

A historia da minha vida nem vale a pena contar, não é para isto que estou aqui, nem para dizer que me sinto sozinha e amargurada apesar de nunca nenhuma amargura me poder tornar amarga.

Procuro o verdadeiro amor imersa numa imensa incerteza, por vezes penso que ainda não o encontrei, outras que já o tive mas que o perdi para sempre.

A expressão do meu olhar é triste e vago, sinto-me perdida mas acredito que nem sempre será assim, há em mim uma esperança que não me deixa desistir, mesmo que as vezes se torne tão ténue que chegue a duvidar dela…

Faço uma pausa e olho ao meu redor… porque será que o meu quarto nunca teve posters? Sempre admirei Martin Luther King e nas minhas costas tenho tatuado um cavalo alado, o símbolo da minha liberdade. Não me considero especial por isso, apenas preciso que me conheçam um pouco melhor, a minha vida será verdadeira e literalmente um livro aberto.

Entramos há pouco no ano de 2007 e a minha vida continua imersa numa imensa névoa de magoa e solidão…As desilusões sucedem-se e magoa-me mais que cordas de aço da minha guitarra que me cortam os dedos suados.

As perspectivas são poucas, apenas um objectivo, encontrar a felicidade suprema só não sei como nem onde… Se alguém souber o segredo por favor diga-mo, as vezes a ignorância magoa…

Estou novamente sentada em frente ao computador, é uma noite de domingo como outra qualquer…desta vez não oiço kizomba, apenas uma musica que me toca de uma maneira menos forte mas talvez até mais corrosiva…Quem me dera poder falar sem chorar dos momentos a que esta musica me remete…

Ás vezes penso que sou demasiado agarrada às minhas recordações, talvez seja isso mesmo que me impede de ser feliz mas já há muito se dizia, “recordar é viver”