sábado, 23 de outubro de 2010

só....

Hoje é apenas mais um dia como os outros...Um dia sem tirar nem por...triste por sinal...
Hoje e um dia em que me sinto afastada de tudo o que quero, é dia de me sentir sozinha e impotente. Este dia parece infindável, parece ter vida para além de mim. Este dia prolonga-se persistentemente enquanto ironiza com o meu desespero.
Sim sinto-me só. Qual é o mal de hoje sentir-me só mesmo que por onde quer que passe encontre muita gente?
Encontro uma folha de papel num caderno perdido algures no meu quarto....Encontro por fim uma janela de luz. Este caderno é o meu confidente , a folha o meu muro de lamentações. Esta caneta é a ponte que encontro entre a dor que sinto e a coragem que não tenho para contar a quem quer que seja.
Sinto que perdi a minha essência, o meu brilho,não sei quem sou realmente ou quando deixei de me ser...
Tenho vontade de me revoltar contra a fonte do meu sofrimento, de ir embora para um lugar onde já não me sinta sozinha mesmo não tendo ninguém comigo...
A solidão não é feita de falta de companhia, solidão não é não ter com quem falar... Estar só é ser invisível num lugar onde vejo toda a gente ... Gente que nem tenta ver-me, nem pensa entender-me ou perguntar-me o que faço aqui... Estar só é não ter laços que me unam ao mundo dos visíveis... Sinto-me só na minha caixa misteriosa de ilusionista... Estou só porque não sei fazer-me acompanhar de gente que veja os meus cabelos, os meus olhos, os meus dentes, o meu verdadeiro ser...De gente que sinta o vazio que posso deixar se estiver ausente do espaço que pertenço...
Não me rodeio de gente que saiba ouvir o que o meu pensamento murmura ou que não ignore o que os meus olhos gritam...
Mas por mais que grite não há quem escute.

2 comentários:

Anónimo disse...

Perdoa-me pelo meu egoismo de não tentar aliviar a tua solidão com as minhas toscas palavras. Palavras que são tudo e só, aquilo que posso fazer chegar a ti vindo de mim e nem sei realmente se elas te tocam com a mesma delicada força com que eu as escrevo.

Perdoa-me pelo meu egoismo, mas este fim de semana apenas venho aqui para tentar entrar e decifrar o segredo dos teus olhos, para os quais não me canso de olhar. Que bonitos são.

"barco bêbado"

Anónimo disse...

Quantas pessoas moram no nosso coração? Quantas pessoas caberão nos nossos corações?
Quais são as pessoas a quem se atribui realmente importância, para que possamos sentir em nós próprios que elas moram realmente em nós?
De onde virá esse estranho instinto que nos permite acolher alguém em nós ainda que por mera empatia?
Necessito agradecer-te por me permitires sentir um pouco de paz no descanso da tua amizade. Agradecer-te-ei para sempre a injecção de conforto que inocentemente me ofereceste na tua companhia, quando a minha cama estava gelada e o meu peito necessitava desabafar. E Senti-me bem, sinto-me bem, neste mútuo respeito que demonstramos no sentir de cada um. É bonito.
Por tudo isto, jamais me permitirei a mim próprio que te sintas só. Só no teu desespero que agora conheço e reconheço que fará realmente ferir. Que certamente te aprisionará os sentimentos e a tua própria felicidade numa espiral sem fundo e da qual não conseguirás sair se não tiveres um coração firme e corajoso. Para sempre te ofereço o meu peito e o meu ombro, na esperança que neles encontres um pouco da paz e do desabafo que tanto necessitas.
Como poderia eu não te amparar no teu desespero depois de me teres estendido a mão, essa mão que dedilha, que escreve, que cria, que é um mundo, essa mão que eu não ouso tocar com medo que desapareças. Não consigo explicar o porquê do vazio que realmente sentiria caso abruptamente abandonasses o perímetro da minha vida, mas estou certo que sentiria essa ausência violentamente, como algo que esteve e deixou marca e que a bruta saudade jamais conseguiria fazer esquecer.
Sabes, sempre te escutarei, caso seja tua vontade e sem nunca, jamais, sentir nisso algum desconforto ou inconveniente. Permite-me que seja um pouco do láudano que carinhosamente tentará mitigar a tua dor nas horas escuras que certamente te assaltaram à medida que fores sentindo o teu destino avançar como uma imensa vaga de medos.

“barco bêbado”