quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tu és...

Tu és..

O abraço que não sinto
Mas que me aquece o peito
O desejo que me provoca
E escalda-me o corpo...
O beijo que não recebo
Mas que me reconforta a alma
O sorriso que se repete vezes sem fim
Na minha memória
E que me enxuga as lágrimas
Quando têm que parar de correr
Tu dizes que não és ninguém
Como posso eu consumir-me assim
Por algo inexistente?
Se não és ninguém
Como podes entrar de noite
No meu quarto e, descaradamente
Roubares-me o sono
A minha paz...
Como poderia o meu corpo
Pedir-te apenas a ti
Se não fosses ninguém...
É para perto de ti
Que o meu pensamento voa
Nessas noites sem sono
Onde mil mãos invisíveis
Me tocam
Até que adormeço
E sonho contigo...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Se Tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha
A essa hora dos mágicos cansaços
Quando a noite se avizinha
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... O eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traças as linhas dulcíssimas de um beijo
E é de seda vermelha que canta e ri

E é como um cravo ao sol da minha boca...
Quando os meus olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti....


Florbela Espanca in "Charneca em Flor"

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

19-11-2010

Noite de chuva, noite de frio, 22 horas e 13 minutos marcados no relógio digital do computador...
Olho à minha volta, aprecio o silêncio, fecho os olhos por instantes e respiro fundo...
Tenho um grito enorme preso no peito que não quero deixar sair, tenho milhares de lágrimas que não posso derramar, tenho os punho cerrados para invocar toda a força que tenho dentro de mim... Convenço-me que sou forte como um rochedo e que não existe mar mais revolto que me possa destruir... Não posso chorar ainda, ninguém pode sofrer com a minha dor...
Estou verdadeiramente triste, sinto-me uma menina pequenina perdida num lugar desconhecido... Sinto falta das minhas certezas, dos meus dogmas pessoais, por agora tudo é questionável... Nada existe de certo, não existe para mim um porto seguro onde possa descansar desde alerta permanente...
Eu e só eu conheço as feridas que latejam e que jamais cicatrizarão, eu e apenas eu consigo suportar a dor que me causam sem levantar qualquer suspeita... Apenas eu escolhi sorrir e não chorar quando elas se manifestam...
Não quero construir à minha volta uma muralha de rancor e amargura... Quero estender a minha mão e deixar que conheçam o meu mundo, a minha história... Quero que conheças a minha história e faças parte dela... Quero mudar o rumo dos acontecimentos e escrever um final feliz...
Não sei se posso, mas quero.... Não sei se devo, mas preciso...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

eu sou...

Sou a menina morena de olhos doces...
Sou a mulher sombria que se esconde na noite...
Sou a criança que salta à corda
Sou a mulher que pinta os lábios de vermelho...
Sou aquela que aprendeu a sonhar
Sou quem já não sabe como esquecer...
Sou como uma brisa que passa devagar
Sou um furacão que devasta tudo por onde passa
Sou amiga, sou amante, sou mulher
Esqueci-me de quem sou
Nem sei se soube alguma vez o que era
Sou a fera que luta e cura sozinha as suas feridas
Sou a criança que precisa de colo para chorar
Não sou de ninguém, nem me mim mesma
Nem de nenhum deus por melhor que pareça
Não sou de terra nenhuma
O meu país não é este
Nem pertenço a este mundo...
Só sei que sou pó que viaja com o vento
Que um dia nasci dele e a ele regressarei
E com ele levarei memórias
Desfeitas apenas em pó..
Apenas pó...

sábado, 13 de novembro de 2010

Estou aqui...

Estou aqui
Vazia e cheia de dor
Imaginando-te sorrindo docemente...
Beijando-me em segredo
Permito-me somente
Sonhar contigo todas as noites
Para te manter vivo dentro de mim...
Bastou apenas um olhar e tudo mudou
Tornámo-nos meras peças de um jogo
Que o destino junta e separa
A seu belo prazer...
As horas passam por mim
E eu continuo imóvel
Apenas tu tens vida nos meus pensamentos
E são nestas horas que preciso de acreditar
Que o amor é a mais doce das mentiras
Em que teimamos acreditar
O que vive dentro de nós
É este imenso vazio que nos preenche
Que nos torna loucos
Loucos ao pensar que o amor existe
É mentira!
Não existe amor
Não existe tempo
Não existe distância entre nós
Existe apenas esta imensa vontade
De possuirmos
Um mundo distante
Que jamais poderá ser nosso...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

9-11-10

Noite minha irmã
Recebe-me nos teus braços
Apenas por hoje
Que preciso do teu consolo
Preciso da névoa que carregas
Para esconder o meu rosto
Dá-me a tua brisa mais gélida
Para que sequem as minhas lágrimas
Noite, que és minha companheira
Conheces bem os meus murmúrios
Os meus lamento mudos
Que gritam de tanta saudade
Porque não há dor maior
Que perder o que não se conseguiu
Não há chaga que mais sangre
No peito
Que aquela que arranhamos
Vezes sem fim
Porque a dor fere-me
Mas faz-me sentir viva
E saudade que venha
Eu deixo-a chegar...
Deixo que se apodere de mim
E me escorra pelos olhos...
Quanto mais renego este amor
Mais ele me consome

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

anoiteceu......

Anoiteceu finalmente...Eu gosto da noite! Gosto de noites frias de céu limpo... Gosto quando o céu se sente orgulhoso e exibe a lua e as estrelas, esse mundo é o meu...
Gosto também de noites chuvosas que musicam os meus sonhos, ou quando o vento me embala levando para bem longe os meus sonhos... Adoro tempestades e trovoadas porque também eu sou uma força da natureza...
Também eu sou inconstante como o tempo...Tanto sou amena como uma tarde solarenga, somo exorcizo a minha dor com a fúria de uma tempestade...Sou assim mesma, desconhecida até de mim mesma...
Estas quatro paredes que me querem enclausurar nada mais fazem que proteger-me do frio da noite...A minha alma vagueia pelas ruas e traz-me imagens de beijos furtivos encontros secretos, passos rápidos e com minúcia disfarçados...A minha alma vê tudo isto iluminada pela luz intermitente de um candeeiro de rua...
Não há espaço nem tempo que me proíba de sonhar, não há corrente nem grade que prenda s meus sonhos, e por muito que o Homem se engane, não há viagem mais livre que a do nosso próprio pensamento...
A lua e as estrelas jamais contarão aquilo que vejo...Elas próprias durante anos testemunharam os meus encontros secretos, os meus amores proibidos, as lutas travadas dentro de mim mesma que tudo em mim mudaram menos a ânsia de sonhar...Testemunharam os meus gritos, o meu choro, mas sabem que continuo a ser a mesma menina de olhar doce que todos as tardes de Verão esperava na varanda que a lua chegasse...